Com o apoio da EMBRAPII, o “pulmão artificial” Sistema Solis, foi desenvolvido em tempo recorde e já está sendo comercializado
A EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) investiu no desenvolvimento de um equipamento que irá contribuir no tratamento de pacientes graves da Covid-19. Trata-se do Sistema Solis, fruto da parceria com a empresa Braile Biomédica, de São José do Rio Preto, e pesquisadores da Unidade EMBRAPII – Eldorado, de Campinas. O lançamento oficial da tecnologia ocorreu em 26 de janeiro de 2021, mas o produto já está sendo comercializado. O primeiro sistema foi vendido para o Ceará e, segundo a empresa, já há interesse de outros países.
O aparelho consiste na Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO em inglês), uma forma de respiração extracorporal. Ele será utilizado em pacientes graves com Covid-19 quando a ventilação mecânica não estiver mais surtindo efeito, ajudando a manter o paciente vivo até que a doença regrida. Além disso, a tecnologia pode exercer simultaneamente a função do pulmão e do coração em pacientes em que um desses órgãos ou ambos – perdeu temporariamente a capacidade de realizar estas funções.
O tratamento é indicado para adultos ou crianças, em casos de transplante de coração, infarto do miocárdio, parada cardíaca e insuficiência respiratória aguda, condição também causada pelo novo coronavírus, no qual há inflamação dos brônquios e o comprometimento dos alvéolos, pequenas estruturas que compõem o sistema respiratório, e funcionam levando o oxigênio à corrente sanguínea.
“A EMBRAPII nasceu com o propósito de ajudar as empresas inovadoras a superar desafios tecnológicos. Diante da Covid-19 não seria diferente. Ao aumentar o percentual de recursos não reembolsáveis, a organização está contribuindo com a indústria nacional, fomentando a inovação e potencializando o enfrentamento da pandemia”, destaca José Luis Gordon, diretor de Diretor de Planejamento e Relações Institucionais da EMBRAPII.
Segundo Rafael Braile, diretor da Braile, a terapia foi amplamente usada no mundo durante o surto de H1N1, entre 2009 e 2010. “Na época, tivemos o aumento em 100 vezes de sua utilização e os resultados foram positivos. Estamos observando os casos da Coreia do Sul e Japão, onde a ECMO tem sido oferecida para suporte no tratamento do Coronavírus. Nesses países, a curva de mortalidade tem sido menor”, afirma.
O processo de desenvolvimento do produto foi complexo, mas a tecnologia e a pressão da pandemia, ligadas ao know how das empresas envolvidas fez com que fosse possível torná-lo realidade em apenas seis meses, desde a decisão de fazê-lo até o registro da Anvisa, publicado no Diário Oficial da União.
A EMBRAPII arcou com R$ 1,15 milhão, o que representa metade do valor do projeto, orçado em R$ 2,3 milhões. Os recursos aplicados pela EMBRAPII não precisarão ser reembolsados pela empresa Braile.