Somente na chamada de projetos estruturantes, voltada para o desenvolvimento disruptivo do setor, SENAI e Embrapii disponibilizarão R$ 133 milhões. Programa é coordenado pelo MDIC
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), com a coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), vão destinar cerca de R$ 270 milhões a cinco ações de inovação e eficiência energética no setor automotivo, com o objetivo de desenvolver uma frota mais econômica, segura e sustentável. Os recursos, provenientes do Programa Rota 2030, são voltados à atualização tecnológica da cadeia de autopeças e demais fornecedores.
O anúncio oficial dos investimentos será feito nesta terça-feira (21) na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a presença do vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin. Entre as ações previstas, está o lançamento de um edital conjunto de R$ 133 milhões para projetos estruturantes, destinados a propostas que envolvam alianças entre empresas e institutos de pesquisa. As propostas apresentadas deverão ter valores entre R$ 10 milhões e R$ 60 milhões, considerando recursos provenientes do Rota 2030.
Os projetos estruturantes são executados e monitorados por diversos stakeholders, que vão desde institutos de ciência e tecnologia até empresas parceiras e entidades representativas, como associações. O objetivo desses projetos é promover o desenvolvimento disruptivo do setor automotivo para o alcance da independência tecnológica em áreas estratégicas.
“SENAI e Embrapii serão fundamentais no âmbito do Programa Mover, que substituirá o Rota 2030, direcionando o foco para inovação e descarbonização da mobilidade e da logística brasileiras, em diversas rotas tecnológicas”, destacou Alckmin. “Os recursos do SENAI e da Embrapii se juntarão a uma série de outras medidas de redução de custo, estímulo à inovação e fomento ao desenvolvimento sustentável que o governo está implementando, diretamente ou por meio de instituições como o BNDES e parceiros como a ABDI e a Finep, para retomarmos o dinamismo da indústria automotiva no Brasil”.
Investimentos em projetos de P&D
Outro investimento será feito em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D+I), junto a alianças industriais para acelerar a inovação nas fornecedoras das grandes montadoras automotivas e para estimular projetos de pesquisa e desenvolvimento em toda a cadeia. O investimento do programa prioritário coordenado pelo SENAI será de R$ 70,4 milhões, sendo R$ 44 milhões voltados para projetos já em fase de contratação.
Para fomentar projetos de P&D+I em MPMEs, a Embrapii está disponibilizando mais R$ 30 milhões. Chamada de excepcional, essa modalidade garante aporte de 100% do projeto com recursos não reembolsáveis até R$ 500 mil, com foco em tecnologias para o setor automotivo.
Outro ponto de investimento são as consultorias hands-on. Voltadas para aumentar a digitalização e a produtividade das empresas da cadeia automotiva, que precisam alcançar as novas exigências tecnológicas do setor, as consultorias contarão com investimento de R$ 34 milhões. A meta é alcançar pelo menos 285 empresas.
Também serão ofertados mais três cursos de Master Business Innovation (MBI) automotivo: dois em Indústria 4.0 e um curso inédito com foco em mobilidade elétrica.
Inovação é caminho para fortalecer cadeia automotiva
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, o Brasil tem grande potencial de fortalecer a indústria automotiva do país por meio da inovação. “Para termos uma indústria automotiva cada vez mais sustentável, com veículos que contribuam para a redução das emissões de gases de efeito estufa, é preciso investir em inovação e tecnologia, além de fomentar uma cadeia produtiva que trabalhe de forma integrada. Os projetos estruturantes são uma oportunidade de promover o desenvolvimento do setor e garantir autossuficiência para as empresas brasileiras”.
“Precisamos incentivar o adensamento de cadeias industriais no Brasil, utilizando os nossos diferenciais e agregando inovação, que possa inclusive competir em âmbito internacional. É necessário utilizar os mecanismos atuais de uma forma mais estratégica e que possibilitem maior impacto em direção à neoindustrialização. Por meio do Rota 2030, queremos mudar o patamar da indústria automotiva instalada no Brasil, promovendo maiores ganhos setoriais”, destaca Chico Saboya, presidente da Embrapii.
Mais inovação para as associações automotivas
O diretor de Manufatura Automotiva da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) destacou a importância dos programas e projetos prioritários do primeiro ciclo do Rota 2030, que já foram e ainda estão sendo desenvolvidos e implementados por empresas da cadeia automotiva em conjunto com universidades e com Institutos de Ciência e Tecnologia, que incluem os Institutos SENAI de Inovação.
“Chegou a hora de impulsionar os projetos estruturantes, que potencializam a realização de inúmeros projetos de P&D+I que podem gerar soluções tecnológicas e melhorar a competitividade da cadeia de fornecimento do setor automotivo nacional”, diz Carlos Sakuramoto.
Para o diretor executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), Igor Calvet, o Rota 2030 representa um marco para o setor automotivo brasileiro. “O Rota 2030 trouxe previsibilidade, estímulos ao desenvolvimento tecnológico e incentivos para a aplicação de recursos em pesquisa e desenvolvimento. A continuidade e atualização do Rota 2030 às novas tendências de mobilidade representam uma oportunidade para o setor automotivo brasileiro se manter competitivo e avançar na produção de veículos mais eficientes, seguros e sustentáveis”.
“O Rota 2030 inseriu a indústria automotiva brasileira em patamar mais elevado no campo da pesquisa, desenvolvimento e inovação. É justamente isso que garante a competitividade que pode inserir o país na cadeia automotiva”, diz o diretor de Inovação do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Mauricio Muramoto.
Rota 2030 em números
O SENAI já captou no Rota 2030 cerca de R$ 408 milhões, um número expressivo e que está sendo revertido em grandes ações para a cadeia. Ao todo, os programas prioritários do SENAI resultaram em mais de R$ 157 milhões investidos em 68 projetos de P&D+I para a cadeia automotiva, executados por Institutos SENAI de Inovação em parceria com 130 empresas do setor automotivo.
Além disso, mais de R$ 58 milhões foram investidos em produtividade e digitalização, sendo 367 consultorias já finalizadas e 143 em andamento. Ao todo, 510 empresas do setor automotivo foram beneficiadas nessa iniciativa, com aumento de 39% em produtividade. A partir do programa, já foram finalizadas duas turmas do curso de MBI com 112 profissionais formados e há uma em execução.
Desde 2019, a Embrapii realizou no Rota 2030 o apoio a 155 projetos de PD&I na cadeia automotiva, com investimento de R$ 263,6 milhões. De 2022 a 2023, houve um aumento de 278% no valor disponibilizado para projetos voltados para a cadeia industrial automotiva, nas áreas de mobilidade e logística. Os dados se referem ao acumulado de 2023 e apontam para o investimento recorde em projetos que totalizaram R$ 87 milhões no programa. Em 2022, o valor total foi de R$ 23,4 milhões, até então o maior da série histórica.
Os editais estarão disponíveis a partir do dia 21 de novembro no site da Plataforma Inovação para a Indústria.