Sistema pulsátil consegue manter o funcionamento do corpo normalmente durante cirurgia e permite a recuperação mais rápida do paciente
A inovação no setor da saúde leva a resultados rápidos para a sociedade. Esse é o caso do aparelho de circulação extracorpórea (CEC) desenvolvido pela Unidade Embrapii Cimatec e a empresa Medicor, com apoio do Sebrae. Diferente dos existentes no mercado, o sistema de circulação criado traz uma tecnologia pulsável, que imita o batimento cardíaco, e outra que regula automaticamente a temperatura, sem a necessidade de gelo para o controle da temperatura, como ocorre com os dispositivos atuais. A máquina faz o papel do coração e do pulmão durante cirurgia cardíaca para trocas de pontes de safena e válvula. Ela opera para circular o sangue, controlar a temperatura e oxigenar.
A ideia de criar uma máquina de circulação corpórea 100% nacional surgiu quando empresas multinacionais e fornecedoras de equipamentos similares interromperam seus serviços no Brasil. Kleuder Leão, presidente da Medicicor, relata que a busca por uma solução nacional foi motivada pela expertise da empresa em tecnologias médicas e pelo conhecimento das necessidades do mercado brasileiro. Ele resolveu então procurar a Unidade Embrapii Cimatec para desenvolver a solução.
Leão explica que as máquinas operam de três formas: a circulação contínua, a pulsátil e a centrífuga (a mais utilizada hoje). No primeiro caso, há o risco de lesionar as válvulas das artérias, porque o aparelho não é muito fisiológico. “E o pulsátil imita o batimento cardíaco, o que mantém o funcionamento do corpo normalmente. E essa foi a grande inovação do aparelho que criamos, além de outras características”, ressalta. “Além disso, por ser mais parecida com o real, esta máquina acaba por reduzir o tempo de recuperação do que a centrífuga”, completa Leão.
O produto também tem como diferencial a ergonomia para o operador. “Nas máquinas existentes, a pessoa fica sentada em um banco para operar e no nosso é possível ficar em uma cadeira confortável”, conta Leão. “Ele também é modular, então se ocorrer algum problema na máquina é possível trocar só o módulo, não precisa trocá-la inteira”.
Apoio técnico
Para Kleuder Leão, o modelo que a Embrapii oferece acelera projetos que sem investimentos poderiam demorar décadas para sair do papel. “Esses apoios são fundamentais porque são investimentos em tecnologia de valor muito alto. Se não existisse esse sistema de incentivo ficaria quase impossível a gente fazer. Porque o payback seria com o tempo infindável, de até 40 anos. Quando há investimento reduz o prazo para oito, dez anos. E nos ajuda a nos tornarmos independentes da tecnologia internacional.”