Iniciativas, que vão utilizar biomassa como matéria-prima, são alternativas para os combustíveis fósseis
A Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) apoia o desenvolvimento de biocombustíveis, importantes alternativas para os combustíveis fósseis que geram impactos ambientais de alta envergadura. Os produtos serão criados a partir de tecnologias disruptivas e utilização de biomassa vegetal, o que significa processos produtivos alinhados às metas globais de redução de gases.
Os projetos dos biocombustíveis se somam a uma série de iniciativas da Embrapii que se enquadram nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, como o ODS 12 (Consumo e produção responsáveis) e ODS 7 (Energia limpa e acessível). Atualmente, 67% dos projetos da Embrapii de inovação estão em sintonia com os ODS.
Biocombustível para aviação
A Embrapii, a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) da UFRJ e a empresa Petrogal investirão R$ 21,3 milhões em um projeto inovador para o desenvolvimento de biocombustíveis com alternativa ao querosene de aviação no Brasil. O contrato foi assinado neste ano de 2023
A expectativa é que o resultado da pesquisa aponte uma solução de menor impacto ambiental, com a redução das emissões de carbono e outros gases de efeito estufa. De acordo com a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), só no ano passado a aviação civil foi responsável por 2% de todo o carbono emitido no planeta. Além do aspecto sustentável, o novo combustível poderá ser mais barato, reduzindo os custos de operação das companhias aéreas e, consequentemente, das viagens.
Os recursos aplicados pela Embrapii fazem parte do programa Inova+ BNDES, uma parceria com o banco para apoiar projetos que desenvolvam soluções em novos combustíveis e em outras áreas como bioeconomia florestal, economia circular, transformação digital, saúde, materiais avançados e defesa. A iniciativa atende empresas de todos os portes, incluindo pequenas, médias (PMEs) e startups.
Biocombustível de Agave
A Embrapii apoia projeto desenvolvido pela Shell Brasil, em parceria com o Senai Cimatec, para a nova fase do programa Brave (Brazilian Agave Development), que prevê o desenvolvimento de etanol, biogás e biochar a partir da Agave. As pesquisas vão incluir buscas de novas soluções tecnológicas para os processos de mecanização e a industrialização da planta que será utilizada como fonte de biomassa na produção de biocombustível.
O projeto receberá um investimento total de R$ 100 milhões, com recursos da Embrapii e da Shell que utiliza recursos oriundos da cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de contrapartida econômica do Senai Cimatec.
O projeto será desenvolvido em duas frentes. A primeira delas diz respeito à mecanização do plantio e da colheita, processos realizados atualmente de forma manual. Para isso, será realizado o plantio de uma área de até 50 hectares da Agave Tequilana, espécie da planta oriunda do México, no sertão da Bahia.
Paralelamente, os pesquisadores vão desenvolver a rota industrial de beneficiamento da Agave para obtenção do etanol de primeira e segunda gerações, biogás, além de coprodutos, e a construção de plantas-piloto para validação do processo de obtenção e escalonamento industrial do etanol.
Biocombustíveis de resíduos agroflorestais
A Embrapii apoia um projeto desenvolvido pela Equinor, empresa global de energia sediada na Noruega, juntamente com o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) para a produção de bio-hidrocarbonetos (ou biocombustíveisdrop-in), como o diesel verde e o bioquerosene de aviação, a partir de resíduos agroflorestais. O investimento será superior a R$ 13 milhões e o objetivo central é a geração de combustíveis de baixa emissão de carbono.
Por meio da iniciativa de P&D, várias atividades serão realizadas para compreender os mecanismos moleculares para a descarboxilação de ácidos graxos e avançar na sua aplicação para a produção microbiana de bio-hidrocarbonetos a partir de açúcares que serão obtidos, por sua vez, por meio de resíduos de agroflorestas – sistemas de produção agrícola no qual espécies florestais perenes são plantadas junto com cultivos agrícolas. A expectativa é de que, na fase de desenvolvimento do projeto, testes sejam conduzidos em planta piloto para escalar a produção da energia renovável que terá como destino a ponta das operações da companhia de energia.
O projeto contará com colaboração internacional entre pesquisadores do Brasil e do Centro de Pesquisas da Equinor na Noruega, além da equipe de biotecnologia molecular do CNPEM.
Sobre a Embrapii
A Embrapii é uma organização social que atua em cooperação com instituições de pesquisa, públicas ou privadas, para atender ao setor empresarial, com o objetivo de fomentar inovação na indústria. Para isso, conecta pesquisa e empresas, e divide riscos, ao aportar recursos não reembolsáveis em projetos que levem à introdução de novos produtos e processos no mercado. Para ter acesso ao modelo, a empresa deve apresentar seu desafio tecnológico à Unidade com a competência técnica que se enquadra às necessidades de seu projeto. A Embrapii possui contrato de gestão com o Governo Federal, por meio dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.