Tecnologia cearense diminui uso de recursos naturais e permite manejo agrícola com precisão de dados e redução de custos
Para elevar a produtividade, competitividade e responsabilidade ambiental do campo é fundamental que sejam desenvolvidas as melhores técnicas de manejo de irrigação. A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) apoiou a startup 3V3 Tecnologia, por meio do Instituto Federal do Ceará (IFCE) – uma Unidade EMBRAPII, a desenvolver o sensor STU-S, que fornece a agricultores uma solução inteligente usada na irrigação do solo, capaz de proporcionar um manejo agrícola mais econômico e sustentável.
O sensor de temperatura e umidade do solo desenvolvido no âmbito do projeto pode ser espalhado pelo campo para monitorar variados pontos da cultura. O STU-S coleta dados sobre a umidade e a temperatura do solo e, com base nessas informações, prevê as necessidades específicas de irrigação de cada região. Ao se integrar com as plataformas de gestão e manejo agrícola da startup, o sensor também pode auxiliar o acionamento de bombas e válvulas de irrigação, gerando economia de água e energia elétrica. Isso permite aos agricultores um melhor manejo agrícola em tempo real e um uso mais sustentável dos recursos naturais, gerando economia.
Ideia surge a partir de demanda de mercado
De acordo com Lucas Rocha Muniz, Diretor de Operações da 3V3 Tecnologia, o sensor surgiu como resultado do atendimento à demanda de clientes – que, aliás, ajudaram a modelar a tecnologia de acordo com as necessidades. O objetivo era criar uma solução capaz de oferecer precisão no sistema de irrigação com economia de água, energia elétrica e fertilizantes. Foram cinco anos de pesquisas para chegar ao protótipo do sensor STU-S, que oferece uma precisão de leitura de solo superior a equipamentos similares disponíveis no mercado vindos de países como EUA e Israel, por exemplo.
O custo médio de um sensor importado é de R$1.500. O valor de venda da solução desenvolvida no âmbito do projeto apoiado pela EMBRAPII e IFCE deverá ser equivalente à metade do preço dos produtos importados similares. “O sensor é sempre muito caro, porque vem de fora e é um equipamento muito importante para o manejo de irrigação. Sensores mais acessíveis economicamente e igualmente precisos na geração de dados eram uma demanda do mercado”, explica Muniz.
“Toda essa automatização possibilitou reduzir consideravelmente toda nossa quantidade e hora extra de mão de obra. O mais importante é que, com o sistema, conseguimos ter uma base de dados para analisar e ter certeza de tudo o que está indo em cada área”, garante Luiza Pilar Cabral, da Melão Mossoró, cliente da startup cearense que oferece serviços a grandes fruticultores do país.
A tecnologia de sensoriamento e automação inteligente permite aos produtores de pequeno, médio e grande portes uma redução de até 34% no consumo de água e até 25% de energia elétrica. O protótipo do sensor STU-S está sendo validado em campo e a previsão é de que os primeiros produtos estejam disponíveis para comercialização até o fim de 2022.
Sobre a EMBRAPII
A realização desse projeto é resultado do contrato de gestão celebrado entre a EMBRAPII e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações – MCTI, o Ministério da Educação – MEC, o Ministério da Saúde – MS e o Ministério da Economia – ME. O projeto também conta com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A EMBRAPII oferece a empresas nacionais que desejam inovar recursos não reembolsáveis e um ecossistema de 77 Unidades EMBRAPII, que são centros de pesquisas de todo o país. Para pequenos empreendedores e startups, há um programa específico, o Lab2MKT, que acompanha todo o ciclo de desenvolvimento do produto até sua chegada ao mercado. Mais de 1700 projetos já receberam o apoio da EMBRAPII, totalizando mais de R$ 2,4 bilhões em investimentos.