A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, pela primeira vez destinará recursos para a área de biotecnologia. Serão R$ 29 milhões, que começarão a ser desembolsados em 2016 para financiar pesquisas nas áreas de biocombustíveis, de geração de energia a partir da biomassa, de etanol de segunda geração e, também, de embalagens industriais mais eficientes para o transporte de alimentos.
Os recursos foram disputados por 38 institutos e empresas de pesquisa, e três foram selecionados pela Embrapii para desenvolver os projetos, que também deverão contar com recursos dos próprios escolhidos e da iniciativa privada. Como normalmente os projetos com participação daEmbrapii são divididos por essas três partes (governo, instituições de pesquisa e iniciativa privada), o ministério projeta que, no total, os aportes nos projetos de biotecnologia alcançarão R$ 87,7 milhões.
Vencedores dos editais, a Embrapa Agroenergia, de Brasília, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, e o Núcleo Ressacada de Pesquisa em Meio Ambiente da Universidade Federal de Santa Catarina vão assinar hoje seus contratos de parceria com a EMBRAPII. “Trabalhar com biotecnologia foi uma oportunidade identificada pelo ministério porque hoje há uma expectativa do mundo com o Brasil nessa área, por conta da nossa experiência na produção de alimentos, segurança alimentar e energia renovável”, disse ao Valor o ministro Celso Pansera, que está à frente do cargo há dois meses.
O ministro lembra que, para receber recursos da Embrapii – uma espécie de Embrapa da área de pesquisas científicas em geral, criada em 2013 -, a instituição precisa comprovar capacidade técnica e, principalmente, sua relação com o setor privado. Na apresentação dos projetos, a instituição deve indicar com quais empresas, associações ou entidades vai captar a parte privada dos recursos necessários para financiar as pesquisas.
“Cada instituto, para ser credenciado pela Embrapii, tem que comprovar que captou no mínimo R$ 5 milhões da iniciativa privada para pesquisa nos últimos três anos”, explica. O ministro também lembra que outras áreas de conhecimento, como nanotecnologia e energia limpa, contaram com editais de pesquisa antes dos destinados a biotecnologia.
Pansera projeta que essas três áreas deverão receber, no total, R$ 4,5 bilhões em investimentos para pesquisas até 2018, por meio de editais da Embrapii. Desse total, a parcela da iniciativa privada deverá chegar a R$ 3 bilhões. “A fatia de investimento público é a fundo perdido, o que significa que nós [governo] não vamos cobrar retorno desses recursos, mas as entidades têm que provar a produção das pesquisas. Nosso desembolso se dá conforme as fases de execução de cada pesquisa”, afirma. “Apesar da crise fiscal, tivemos capacidade de investimento em pesquisa em 2015”, pontuou o ministro.
Matéria publicada no Valor Econômico no dia 15 de dezembro de 2015.