Robô Laura vai detectar Sepse, tipo de infecção que pode ser fatal se não tratada rapidamente. Expectativa é ajudar a salvar em média 12 vidas por dia em hospitais brasileiros
A EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) uniu duas startups: a brasileira Laura e a israelense ATLASense, para desenvolverem, em conjunto, um produto hospitalar inovador e de baixo custo capaz de monitorar pacientes e detectar suspeita de Sepse, também conhecida como infecção generalizada, potencialmente fatal quando o organismo não consegue controlá-la.
A Sepse responde por 18 mil mortes no Brasil por ano e figura entre as 10 primeiras colocações no ranking de mortalidade de causas naturais. A alta taxa pode ser explicada por uma série de fatores: dificuldade de diagnóstico e atendimento médico tardio. O diagnóstico é feito com base na identificação do foco infeccioso e na presença de sinais de mau funcionamento de órgãos. Na maioria dos casos, ocorre em quem já está hospitalizado.
A solução é um dispositivo vestível (wearable) que usa computação cognitiva para coletar, analisar e fazer correlações de dados dos sinais vitais dos pacientes. Dessa forma, consegue-se prever riscos de deterioração clínica e gerar alertas para a equipe médica. O processo será automatizado, sem a necessidade do paciente ser checado periodicamente. Com a proposta, a expectativa é ajudar a salvar em média 12 vidas por dia em hospitais brasileiros. Pesquisadores da Unidade EMBRAPII em Sistemas Embarcados e Mobilidade Digital – Instituto Federal do Ceará, atuam no desenvolvimento da tecnologia.
“O monitor vestível é uma evolução da startup Laura e vai permitir que os hospitais consigam acompanhar o estado de saúde do paciente e prever riscos de maneira antecipada e com menor custo, além de atender os pacientes de home care. O dispositivo capta informações de sinais vitais, como pressão arterial e frequência cardíaca e envia para um aplicativo no celular”, explica o CEO da startup Laura e mestre em Inteligência Artificial, Cristian Rocha.
A ATLASense Biomed será responsável por construir o hardware (parte física) do produto. Em Israel, a empresa desenvolve soluções de monitoramento remoto para idosos e pacientes com doenças crônicas.
EMBRAPII na Saúde
O projeto é resultado de uma parceria bilateral, selecionado no edital de cooperação entre Brasil e a Autoridade de Inovação de Israel para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras na área de Internet das Coisas (IoT). A EMBRAPII vai financiar 50% do desenvolvimento do projeto do lado brasileiro. A parceria entre as startups se iniciou em abril de 2019 quando a empresa brasileira foi convidada pela EMBRAPII a ir a Israel para intercâmbio de experiências na área de inovação e participar de rodadas de negócios com potenciais parceiros.
“A área da saúde é uma das que mais busca o modelo EMBRAPII para o desenvolvimento de novas tecnologias, processos e equipamentos hospitalares. Fortalecer este segmento traz ganhos tecnológicos e econômicos, potencializando a competitividade da indústria, além de sociais ao país, ao impactar diretamente na vida das pessoas”, destaca José Luis Gordon, diretor de planejamento e gestão da EMBRAPII. “É fundamental neste momento fomentarmos o setor disponibilizando o que há de melhor em IoT, Inteligência Artificial, Machine Learning, entre outras tecnologias que nossas unidades estão aptas a desenvolver.”
O modelo operacional da EMBRAPII permite rapidez, flexibilidade e risco reduzido no apoio a projetos de PD&I de empresas. A organização usa recursos não-reembolsáveis para financiar parte dos projetos e faz a ponte entre o setor produtivo e uma rede de Centros de Pesquisa credenciados (Unidades EMBRAPII). Cerca de 700 empresas foram apoiadas pela EMBRAPII, resultando em mais de 870 projetos apoiados que somam R$ 1,5 bi em investimento em inovação. Atualmente, há projetos em desenvolvimento conjunto com empresas de Israel, República Tcheca e Reino Unido. Também há um edital aberto para empresas brasileiras que queiram desenvolver projetos com empresas suíças.