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Publicado em 29 outubro, 2025
Tecnologia desenvolvida pela startup Cropman, com apoio da Embrapii, utiliza sensores eletromagnéticos e algoritmos para mapear com precisão áreas compactadas, permitindo intervenção localizada e mais eficiente
A compactação do solo é um dos grandes desafios da agricultura. Caracterizada pelo adensamento excessivo das partículas, ela impede a oxigenação e o desenvolvimento das raízes, comprometendo o crescimento das plantas. O método tradicional para reverter esse quadro – a descompactação – é uma operação de alto custo (cerca de R$ 800 por hectare), baixo rendimento operacional e significativo impacto ambiental, devido à queima de diesel e à emissão de CO₂ pelo revolvimento do solo.
Para enfrentar esse problema, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) apoiou o desenvolvimento de uma solução de precisão pela startup Cropman, fundada pelo pesquisador e empreendedor Henrique Junqueira. A tecnologia, que começou a ser idealizada com recursos da Embrapii, Unidade Esalq-USP, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), combina um sensor de condutividade elétrica com um algoritmo próprio para espacializar e identificar com exatidão os pontos do terreno que realmente necessitam de intervenção. “O diferencial do nosso projeto é a espacialização. Conseguimos mapear uma área e dizer exatamente onde o solo está compactado e onde não está. Isso permite que o produtor descompacte apenas os trechos necessários, gerando uma economia drástica de tempo, mão de obra e recursos”, explica Junqueira.
Como funciona a inovação
A solução não é um robô ou um hardware novo, mas um serviço baseado em um robusto processamento de dados. Em campo, um técnico percorre a área com um sensor que emite ondas eletromagnéticas. A resposta do solo a essas ondas tem correlação direta com o seu nível de compactação. Os dados coletados são processados pelo algoritmo desenvolvido pela Cropman, que gera um mapa detalhado das zonas críticas.
Para validação, pontos específicos indicados pelo software são checados com um penetrômetro, equipamento tradicional que mede a resistência do solo à penetração. O resultado é um guia de ação preciso para o produtor.
Impacto econômico e ambiental
A eficiência da ferramenta é comprovada em casos reais. Junqueira cita um exemplo emblemático: “Em uma apresentação, mostro uma área em que apenas 22% do solo estava compactado. Com a nossa técnica, o produtor teve uma economia de 78%, pois precisou descompactar apenas essa parcela da quadra, e não a área total”.
Além da evidente redução de custos, a tecnologia traz um forte benefício ambiental. Ao evitar o revolvimento desnecessário do solo, reduz-se o consumo de óleo diesel; a emissão de gases de efeito estufa pela queima do combustível; e a liberação de CO₂ armazenado na matéria orgânica do solo, que é exposta e consumida por micro-organismos durante a descompactação. “O impacto ambiental, sozinho, muitas vezes não convence o produtor. Mas quando ele vem acoplado a uma economia financeira tão expressiva, a adoção da tecnologia se torna uma decisão fácil. O ambiental ‘vai de carona’ no econômico”, pondera o fundador da Cropman.
Papel da Embrapii na inovação
O apoio da Embrapii foi crucial para transformar o conhecimento científico em uma solução aplicada ao mercado. “Como eu vinha da área de pesquisa, conhecia o caminho das pedras para estruturar um projeto. A Embrapii foi fundamental para que nós, da Cropman, pudéssemos fazer essa transição da ciência básica para a ciência aplicada, criando um serviço que gera valor real para o agronegócio e para a sociedade”, destaca Junqueira.
O conhecimento gerado no projeto foi protegido como um segredo industrial, assegurando a competitividade da startup. A tecnologia já despertou o interesse de fabricantes de maquinário agrícola para a criação de equipamentos que operem em conjunto com os mapas gerados, automatizando ainda mais o processo.
Sobre a Embrapii
A Embrapii é uma organização social que atua em cooperação com Instituições de Ciência e Tecnologia, públicas ou privadas, para atender ao setor empresarial e fomentar a inovação na indústria. Para isso, conecta centros de pesquisa e empresas, compartilhando os custos da inovação ao aportar recursos não reembolsáveis em projetos que levem à introdução de novos produtos e processos no mercado. Para ter acesso ao modelo, a empresa deve apresentar seu desafio tecnológico à Unidade Embrapii com a competência técnica que se enquadra às necessidades do projeto.
A Embrapii possui contrato de gestão com o Governo Federal, por meio dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Além disso, possui parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nas próximas semanas, a Embrapii vai participar de eventos estratégicos para a indústria nacional
A Embrapii estará presente em diversos eventos nos próximos dias. Com programação diversificada, os encontros vão tratar de saúde, indústria...
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