Rede contará com recursos da Lei Informática e do Programa Rota 2030. A expectativa é promover R$ 140 milhões em investimentos em PD&I.
Para potencializar a capacidade produtiva e a competitividade das empresas brasileiras, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII), organização vinculada ao MCTI, se uniram e criaram a Rede MCTI/EMBRAPII de Inovação em Inteligência Artificial, a maior de todo o país na área.
A proposta é incentivar o uso de tecnologias de fronteira no processo produtivo da indústria nacional, oferendo um ecossistema de inovação com competências tecnológicas complementares, que contará com recursos não reembolsáveis e centros de pesquisas com infraestrutura e profissionais qualificados para apoiar a indústria a inovar, as chamadas Unidades EMBRAPII.
O lançamento da Rede foi oficializado na última quinta-feira (29), em um evento virtual que reuniu o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, o diretor-presidente da EMBRAPII, Jorge Guimarães e representantes das empresas: Kunumi, Ericsson e Nexa Resources.
Inicialmente, 17 Unidades EMBRAPII vão compor a Rede, compartilhando infraestrutura, competências e recursos humanos no desenvolvimento de soluções em diversas áreas: Machine Learning, Internet das Coisas, Big Data, Analytics, entre outras. Também serão destinados, em cinco anos, R$ 70 milhões de recursos à Rede, sendo R$ 20 milhões com foco em IA aplicado ao setor automotivo e agronegócio. Os recursos são provenientes da Lei de Informática e do Programa Rota 2030. Como o modelo de atuação da Embrapii prevê o co-investimento do setor empresarial, estima-se que a criação da Rede gere cerca R$ 140 milhões em inovações (soma-se aos recursos da EMBRAPII, os valores da contrapartida das empresas e o recurso não-financeiro das Unidades EMBRAPII – como uso de equipamento e pagamento de hora-homem).
Parte dos recursos serão utilizados para desenvolver a competência em Inteligência Artificial dos centros de pesquisas e fortalecer a capacidade de pesquisa, desenvolvimento e inovação nacional sobre o tema. Também planeja-se aproximar as Unidades EMBRAPII da fronteira internacional, promovendo o intercâmbio de conhecimento a colaboração recíproca com as principais redes de Inteligência Artificial do mundo, seja na Europa, Israel, América do Norte, entre outras.
Projetos Cooperativos e Pequenas Empresas
Projetos de pequenas empresas e de Startups deeptech, aquelas que possuem alta densidade tecnológica, também estão no foco da Rede. Serão oferecidos recursos não reembolsáveis e suporte técnico-científico em todo o ciclo de desenvolvimento da solução tecnológica, até a chegada do produto ao mercado. Outro desafio proposto pela Rede é intensificar o desenvolvimento cooperativo de projetos entre diferentes empresas. A cooperação pode ser realizada entre empresas que pertencem a mesma cadeia produtiva, buscando gerar novos produtos e processos que beneficiem todo o setor; entre startups e empresas consolidadas no mercado e que anseiam inovar o modelo de negócio, e ainda pouco usual no país, entre concorrentes, modelo em que dividem custos e riscos do desenvolvimento da tecnologia, mas que aplicam como melhor convier a cada uma no mercado.
Inteligência Artificial na Embrapii
Em seis anos de atuação, a EMBRAPII apoiou 136 empresas com o desenvolvimento de 145 projetos que fazem uso de Inteligência Artificial. São soluções para agro, saúde, manufatura 4.0, entre outros setores, que somam R$ 196 milhões em investimento. Mais da metade (51,4%) proveniente do setor empresarial. Equipamentos para o setor de serviços responde 22,1% do total de projetos. Em seguida vem a área de Saúde (10,3%) e, em terceiro, equipamentos para aprimorar a produção industrial (9,7%).
Estrutura da Rede
A presidência rotativa ficará sob a liderança do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e a vice-presidência a cargo do Instituto Federal do Ceará (IFCE) pelos próximos doze meses.
Os pesquisadores das Unidades também vão atuar em três comitês técnicos: Capacitação (que será liderado pelo CEEI/UFCG), que vai reunir ações para capacitar pessoal técnico; o eixo Infraestrutura (liderado pelo Senai CIMATEC), que trata sobre o compartilhamento de equipamentos e competências; e o eixo Certificação (liderado pelo Instituto Eldorado), que permitirá às empresas obterem selos de maturidade para os novos produtos e serviços com Inteligência Artificial embarcada.
Representantes de doze instituições privadas parceiras vão participar do Conselho Consultivo da Rede, que definirá a estratégia e diretrizes de atuação. São elas: Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), International Association of Artificial Intelligence (I2AI), Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (BRASSCOM), Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (ASSESPRO), Sociedade Brasileira de Computação (SBC), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação (P&D Brasil), Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX), Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO) e Fórum Brasileiro de IoT.
Modalidades de Fomento
Serão cinco modalidades de fomento:
Tipo 1 – Projetos “tradicionais”;
O primeiro tipo de projeto se baseia no conceito que, em média, as empresas recebem 33% de aporte financeiro no portfólio nos projetos por parte da EMBRAPII – como é tradicionalmente feito nos projetos contratados pelas Unidades.
Tipo 2 – Projetos de encadeamento tecnológico, que envolve duas ou mais empresas de diferentes portes para soluções;
Tem o objetivo de incentivar a colaboração entre grandes empresas com empresas de menor porte, inclusive com startups. Nesse caso, o valor financeiro aportado pela EMBRAPII pode chegar a 50% do portfólio do valor dos projetos desde que ele seja contratado por pelo menos duas empresas e que pelo menos uma delas tenha receita operacional bruta (ROB) igual ou inferior a R$ 90 milhões (noventa milhões de reais).
Tipo 3 – Projeto a pequenas e médias empresas e startups
Voltado para o negócio de menor porte que está arriscando e desenvolvendo novas tecnologias. Pequenas e médias empresas e startups são importantes atores no avanço tecnológico, muitas vezes investindo em tecnologias com potencial disruptivo. Por isso, a ideia é dar um apoio maior a projetos desse segmento da economia. A EMBRAPII, então, irá aportar até 50% do portfólio do valor do projeto de PD&I de empresas que tenham o ROB igual ou inferior a R$ 90 milhões (noventa milhões de reais).
Tipo 4 – Ações complementares com startups – ciclo completo
A quarta modalidade será das ações complementares aos projetos de PD&I de startups, apoiando um ciclo completo de fomento. O intuito é que essas novas empresas possam levar as tecnologias desenvolvidas com o apoio do PPI ao mercado, transformando um protótipo ou tecnologia em um negócio de fato, em inovação. Isso porque as startups ainda estão em formação, requerendo assim apoio adicional para conseguirem levar os novos produtos ao mercado ou para se colocarem como uma fornecedora confiável de uma outra empresa.
O objetivo, então, é reduzir, além do risco tecnológico, o risco mercadológico que está ligado à transformação de um projeto de P&D em produtos, visando sua ampla aceitação no mercado. Assim, a EMBRAPII também dará contrapartidas para dispêndios tais como homologações ou certificações, provas de conceito, lotes piloto, registro de propriedade industrial, além de serviços de assessoria qualificada em inovação, design, modelagem de negócios, entre outros, desde que relativos ao projeto de P&D originalmente desenvolvido em parceria.
Cabe destacar que são elegíveis a tal apoio de ciclo completo as empresas startups com o faturamento anual de até R$ 16 milhões (dezesseis milhões de reais) e no máximo 6 (seis) anos de constituição jurídica a contar da assinatura do contrato do projeto de P&D para desenvolvimento tecnológico.
Desenvolvimento de competências estratégicas
A última modalidade é a de Desenvolvimento de competências estratégicas. Além do fomento a projetos de PD&I, o presente plano também está direcionado para o desenvolvimento de competências consideradas estratégicas pela EMBRAPII e o Ministério, representado pela SEMPI. A ação tem o foco de permitir que o novo conhecimento e novas capacidades possam ser formadas. O foco é manter as Unidades alinhadas com a fronteira do conhecimento.
Por sua vez, o desenvolvimento de competências estratégicas sempre terá o foco de ser utilizado com os projetos de inovação do setor produtivo, nos moldes descritos acima. Com isso, espera-se manter a competência técnica nacional atualizada e apoiando a competitividade das empresas no país.