Em uso na cidade de Rio Grande (RS), tecnologia já se mostrou essencial para a Defesa Civil do município, ao apontar a necessidade da evacuação de vulneráveis de regiões propensas a inundações
Um avanço tecnológico desenvolvido na Unidade Embrapii em Sistemas Robóticos e Automação do ITEC/FURG pode auxiliar na prevenção de enchentes. Trata-se de um modelo capaz de prever o aumento do volume de água com até 6 horas de antecedência, fornecendo tempo suficiente para a retirada segura das pessoas das áreas em risco.
O funcionamento da tecnologia baseia-se no georreferenciamento da cidade, realizado a partir de fotos feitas por drones, aviões e laser scan, fornecendo informações detalhadas do terreno em alta resolução, tanto horizontal quanto verticalmente. Esses dados alimentam o algoritmo Water Flux, especializado em enchentes, que gera mapas indicando a altura que a lâmina d’água poderá atingir.
Segundo o pesquisador Glauber Gonçalves, um sistema de monitoramento contínuo do nível do corpo d’água no estuário de Rio Grande (RS), na Lagoa dos Patos, foi implantado pelo grupo de pesquisa para fornecer dados em tempo real ao modelo. “O algoritmo simula continuamente o que está acontecendo, permitindo a criação de cenários futuros e determinando a altura da lâmina d’água para cada rua e região da cidade que possa ser afetada”, explica Gonçalves.
Para aumentar a precisão do modelo, os pesquisadores reproduziram o cenário da maior inundação da história de Rio Grande (RS), ocorrida em 1941. “Espelhamos esse cenário já com a perspectiva de alertar as pessoas mais vulneráveis sobre a possibilidade de serem afetadas pela enchente”, acrescenta Gonçalves.
Com essa tecnologia inovadora, a cidade de Rio Grande (RS) dá um passo importante na prevenção de desastres naturais e na proteção de suas comunidades contra os riscos de enchentes, mostrando o potencial transformador da ciência e da inovação no enfrentamento dos desafios ambientais.
A figura acima foi gerada pelo modelo na tarde de 8/5, por volta das 17h, com resultados que reproduzem o cenário previsto para um determinado aumento do volume de água no município de Rio Grande (RS). Segundo o pesquisador, dependendo da taxa de elevação da água no momento, esse aumento pode ocorrer em um período de até 6 horas ou em um dia inteiro. “Tudo depende da variável conhecida como taxa de elevação do corpo d’água”, ressalta Gonçalves.
As cores representam a espessura da coluna de água que cobre o local em determinado ponto. Ou seja, se o terreno estiver inundado, as vias e os terrenos das pessoas terão essa espessura de água sobre eles.
Em 1941, a cidade de Rio Grande (RS) sofreu uma enchente histórica, um evento que serve como referência para os cenários atuais. “Se a altura atingida pelo corpo d’água naquela época se repetir nesta semana, o quadro será semelhante”, prevê Gonçalves. “Nós já simulamos todos os cenários possíveis anteriormente. O modelo então simula o comportamento do corpo d’água, verificando qual cenário é o mais provável”, explica.