Neste ano, data será celebrada em 25 de abril, e tem por objetivo incentivar a nova geração de mulheres no setor 

Todos os anos, em abril, a União Internacional de Telecomunicações, agência da ONU especializada em tecnologias da informação e comunicação e a comunidade tecnológica celebram o “Dia Internacional das Meninas nas TIC (Tecnologias da Informação e da Comunicação)”, uma iniciativa de sensibilização concebida para promover estudos e carreiras tecnológicas a uma nova geração de jovens mulheres. E, neste ano, a data será celebrada em 25 de abril. 

A 3ª edição da pesquisa ‘Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil’, divulgada pelo IBGE mês passado, mostra que a proporção de mulheres entre formandos na área de Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil chegou a apenas 15% em 2022, uma queda em relação a anos anterior. TIC é o segmento onde se tem a menor presença de mulheres no campo profissional.

Confira a trajetória de pesquisadoras da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (Embrapii) que estão fazendo a diferença nesta área. A instituição ajuda as empresas brasileiras, em especial, as micro, pequenas e médias, para que possam ampliar sua escala de mercado e, assim, habilitar-se a participar de cadeias globais de fornecimento. 

Verônica Pazda é de Santa Catarina, tem  23 anos, e é pesquisadora na área de simulação no time de robótica na Unidade Embrapii Laser – Instituto Senai de Sistemas de Manufatura e Processamentos a Laser. Foi no ensino médio com edificações no Instituto Federal de Santa Catarina da cidade de Canoinhas que a profissional começou a sair da “caixinha”. “Os caminhos me levaram para a engenharia mecânica e passei na Universidade do Estado de Santa Catarina. Em uma turma de 40 pessoas, só 3 eram mulheres”, conta. Para ela, é importante a questão de sua representatividade feminina na área, pois incentiva para que outras procurem o setor, que é predominantemente masculino. 

Foi na universidade que Verônica começou a iniciação científica e pesquisas, e foi por meio de um professor que aceitou o convite de ir para a área de simulação computacional. 

Mulheres nas TICs
Verônica tem trabalhos envolvendo avaliações cinemáticas, dinâmicas e estruturais de sistemas
robóticos. Foto: Divulgação

Hoje, ela trabalha na Unidade Embrapii Laser com muitos projetos na área de análise, recebendo várias solicitações para simulações computacionais. “Acho muito interessante levar tecnologia para as empresas. Quando a Embrapii consegue incentivar pequenas empresas, dá para ver os olhos brilharem. Creio que sem esta fonte de fomento, muitos negócios não conseguiriam alcançar excelência nos resultados”, explica. 

Verônica ainda acredita que desta forma está ajudando na inovação e qualidade de vida das pessoas. Seus trabalhos envolvem avaliações cinemáticas, dinâmicas e estruturais de sistemas robóticos. Utilizando a simulação computacional conseguimos reduzir custos desnecessários e prever possíveis falhas. Entre seus trabalhos mais marcantes estão a concepção e simulação cinemática de um robô escalador. O projeto foi desenvolvido para movimentação em superfícies horizontais e verticais, em locais de alta temperatura. “Simulei computacionalmente a movimentação desse robô nas estruturas, considerando obstáculos, trocas de planos e outras limitações estruturais”. 

Daniely Gomes Silva tem 41 anos e é professora e pesquisadora do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), credenciado pela EMBRAPII para atendimento à área de Comunicações Digitais e Radiofrequência. Natural de Formiga (MG), a profissional possui graduação em Engenharia Elétrica, modalidade Eletrônica, com ênfase em Telecomunicações, pelo Inatel. De acordo com ela, o Inatel promove mulheres na área de TIC, incentivando as alunas a seguirem carreiras em áreas de ciência e tecnologia. “Assim que me formei, comecei a trabalhar com pesquisa na área de TV digital, no Inatel Competence Center (ICC) Hardware e Software Embarcado. Após dois anos, participei do curso de formação de projetistas de circuitos integrados, do programa CI Brasil, em Campinas, e fui selecionada para ser instrutora em uma das disciplinas, na qual obtive certificação internacional. Em seguida, participei da criação e implementação de uma design house no Inatel, para o desenvolvimento de um circuito integrado aplicado à indústria. Tive experiências internacionais, nos Estados Unidos e Índia, para que os conhecimentos adquiridos fossem aplicados durante a execução deste projeto. Conclui o meu mestrado em 2013 e finalizei o meu doutorado em 2019. Hoje, sou professora de Rádio Definido por Software e também pesquisadora do Centro de Referência em Radiocomunicações (CRR), no Inatel.”, explica. 

Atualmente, trabalha no Projeto Brasil 6G que visa o desenvolvimento de redes móveis de sexta geração para áreas remotas e rurais. A profissional também participa de um projeto de fomento à participação feminina na ciência.

Além disso, Daniely ainda destaca a importância da transformação digital para a indústria e sociedade, ressaltando a necessidade de incentivar mais jovens, principalmente mulheres, a se interessarem pela área. “Temos falta de pessoas qualificadas na pesquisa e inovação, considero o aumento de bolsas de mestrado e doutorado um grande incentivo para essas áreas.”, finaliza. 

Daniely é professora e pesquisadora na área de redes móveis. Foto: Divulgação

Suelen Regina da Silva Lima Ferraz, 27 anos, é formada em física e pós-graduanda em Estatística Aplicada e Inteligência Artificial (IA). Seu cargo na Unidade Embrapii CESAR, em Recife (PE),  é de cientista de dados. Desde jovem é atraída pela astronomia, que a motivou a cursar física. Na faculdade, porém, percebeu que tinha afinidade com análise de dados. Assim, na pós-graduação aliou a IA com a física. 

Suelen aliou física com IA. Foto: Divulgação

Para ela, é forte ainda a ideia de que homens são mais interessados ou até mesmo mais naturalmente capacitados na área de exatas como um todo. Mas existe também uma clássica foto inspiradora: de Marie Skłodowska-Curie – física e química polonesa que descobriu o Polônio e o Rádio -, única mulher entre seus inúmeros colegas; ela era a única, mas sua paixão pela ciência que praticava também era única. Talvez a famosa ganhadora de dois Nobels não seria a única, se outras mulheres naquele tempo não estivessem presas em crenças limitantes que lhes foram impostas.

“Gostaria de compartilhar com as meninas e mulheres que querem ingressar na área que sigam sua paixão e não se deixem enganar por expectativas que foram criadas por outros. Faça seu ofício com pura dedicação e sua presença, assim como a minha e de nossas colegas, fará com que o mundo mude naturalmente”, finaliza Suelen, que atualmente tem um projeto que faz parte do cluster venture, na qual usa-se IA Generativa para a área de vendas B2B.

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