Nova plataforma gera enzimas que atendem rigorosos padrões de qualidade, mantém atividade por até 60 dias e suportam situações adversas
Em um esforço conjunto entre a Unidade Embrapii CQMED (Centro de Química Medicinal da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp) e a empresa de biotecnologia Hilab, foi aprimorado um protocolo para o desenvolvimento e escalonamento de enzimas destinadas a testes diagnósticos moleculares do SARS-CoV-2. A nova plataforma é capaz de gerar enzimas que não apenas atendem aos mais rigorosos padrões de qualidade, mas também mantêm sua atividade por, pelo menos, 60 dias, mesmo quando armazenadas em temperatura ambiente de 25 °C. Os resultados deste estudo foram divulgados na revista Experimental Biology and Medicine e ganham destaque em um país de dimensões continentais como o Brasil, já que facilitará a distribuição eficiente de testes, especialmente em regiões remotas, onde a refrigeração é uma preocupação.
As enzimas produzidas como resultado desse projeto serão incorporadas nos testes moleculares desenvolvidos pela Hilab, que são executados em aparelhos point-of-care (testagem rápida para diagnóstico em locais de cuidado ao paciente) também fabricados pela empresa. O Hilab Molecular, um dispositivo portátil inovador, conduz exames para detecção de material genético de forma rápida e remota.
Como funciona
O profissional de saúde insere uma pequena amostra do material coletado nos cartuchos de leitura, contendo a mistura de reagentes, e o aparelho fornece o resultado em tempo real. Uma vez conectado à internet, o dispositivo envia as informações para análise especializada ao laboratório clínico central da empresa, onde um especialista examina e envia o laudo para o celular do solicitante – esse trâmite leva até uma hora.
O destaque desse novo protocolo é a otimização do planejamento e processo de purificação das enzimas, o que aumenta a eficiência da produção e diminui a manipulação humana, o que poderia causar contaminação. Outro fator positivo foi a estabilidade das enzimas, mesmo em condições de variações de temperaturas, por, pelo menos, 60 dias.
O TESTE
O dispositivo foi concebido para operar com a técnica de Amplificação Isotérmica em Loop (LAMP). Trata-se de um termociclador compacto, pesando aproximadamente 200g, dotado da capacidade de alternar rapidamente as temperaturas, além de estar equipado com um sensor de RGB.
Conforme a reação avança e ocorrem mudanças na coloração, esse fenômeno sinaliza a positividade da amostra para a presença do vírus. Durante esse processo, o dispositivo captura imagens em intervalos regulares, elaborando um gráfico subsequente interpretado por um sistema de inteligência artificial. Para garantir a confiabilidade do resultado, um especialista da Hilab realiza uma segunda verificação, assegurando a precisão e confiabilidade do diagnóstico obtido pelo sistema automatizado.
Se antes as enzimas utilizadas em testes diagnósticos geralmente tinham de ser importadas dos Estados Unidos ou Europa por um transporte cuidadoso, pela sensibilidade do reagente, o que encarecia o produto, esta iniciativa de desenvolvimento nacional proporciona autonomia, baixa os custos e melhora o acesso à população, inclusive na saúde pública de áreas mais remotas. Os próximos exames que serão incorporados à plataforma são os de identificação do HPV, arboviroses e vírus respiratórios.
Com informações do CQMED