04/01/2017
Após a inédita obtenção dos primeiros 100 gramas de didímio metálico no Brasil, a Unidade EMBRAPII IPT e a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) anunciaram a segunda fase do projeto, que visa a produção da liga didímio-ferro-boro, essência da constituição dos chamados ímãs permanentes, criados com elementos de terras raras. O novo projeto tem o valor de R$ 2,7 milhões e duração prevista de um ano.
“A cadeia de produção dos superímãs se inicia na extração dos minérios, que é feita em Araxá (MG) pela CBMM. Depois, ocorre a concentração das terras raras, a produção dos óxidos e a obtenção do didímio, realizada na etapa anterior”, explica João Batista Ferreira Neto, pesquisador do Laboratório de Processos Metalúrgicos do IPT. “Nessa segunda etapa, o objetivo é obter a liga de didímio, ferro e boro, para então passarmos à terceira fase, em que poderemos produzir o pó da liga e o superímã em escala laboratorial”, acrescentou.
Para o diretor-presidente da EMBRAPII, Jorge Guimarães, o valor agregado deste projeto é inestimável. “Este não é apenas um projeto que visa atender a uma demanda específica. Ele vai deixar um legado de capacitação científica para o Brasil, que poderá competir em um mercado em que o fornecimento é praticamente exclusivo”, declarou. Atualmente, os países da Europa, os EUA e o Japão são os principais consumidores dos superímãs.
Com aplicações em turbinas eólicas, carros elétricos e motores de alto de desempenho, como os utilizados em eletroeletrônicos, os superímãs são produtos importantes para o fornecimento a indústrias de alto valor agregado. Em um mercado atual quase completamente controlado pela China, que possui mais de 55 milhões de toneladas de reservas em terras raras e domina toda a cadeia de produção dos ímãs, a entrada do Brasil neste segmento representa muito economicamente. “Depois da China, temos a maior reserva de terras raras do mundo, com 22 milhões de toneladas, e ainda temos uma vantagem produtiva: as terras raras estão no rejeito da extração do minério de nióbio explorado pela CBMM, de maneira que o custo de extração seria abatido do custo total de produção”, esclarece o pesquisador.