Tecnologia apoiada pela EMBRAPII e pelo Sebrae atende às necessidades de acompanhar risco de contágio em ambientes corporativos ou de grande circulação de pessoas
A retomada das atividades econômicas, a partir da flexibilização das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, exigirá das empresas a adoção de protocolos de segurança e saúde, nos ambientes de trabalho, para evitar a disseminação da doença entre os funcionários. Foi diante dessa perspectiva que a startup curitibana de inovação GTI elaborou uma solução de triagem, baseada em sensoriamento térmico, para identificar pessoas com sintomas do novo coronavírus. A iniciativa tem a parceria de um dos maiores centros de pesquisa tecnológica do país – o Lactec, que atuará no projeto como Unidade de Eletrônica Embarcada da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
O projeto em desenvolvimento é resultado da iniciativa entre EMBRAPII e Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que destinou recursos para o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras que auxiliem no enfrentamento o avanço do Coronavírus. “A EMBRAPII tem apoiado diversos projetos que possam potencializar o combate à COVID-19 no país. Há recurso disponível para soluções que envolvam o diagnóstico e o tratamento da doença para startups e pequenas empresas. Precisamos assegurar que ideias inovadoras se tornem viáveis. Além de recursos, as Unidades EMBRAPII contam com equipamentos e profissionais habilitados para desenvolver tecnologias na fronteira do conhecimento”, destaca José Luis Gordon, diretor de Planejamento e Gestão da EMBRAPII.
A Tecnologia
A proposta consiste em desenvolver um equipamento de monitoramento coletivo para medição de temperatura, de tecnologia nacional, que seja facilmente adaptável a diferentes ambientes, integrado a um aplicativo de smartphone ou tablet, para triagem e diagnóstico preliminar de pessoas que apresentem estado febril – um dos principais sintomas da Covid-19. Esses dados ficam armazenados em nuvem (big data) e, com o uso de inteligência artificial, podem gerar uma infinidade de informações para mapeamentos de risco de contágio, por exemplo. “Queremos oferecer uma solução nacional, com custo acessível, e que possa ser desenvolvida em um curto prazo de tempo, aliando a emergência de salvar vidas à retomada das atividades econômicas”, afirmou o proprietário da GTI, Maurício Doebeli.
A intenção, segundo o empresário, é disponibilizar o equipamento de monitoramento coletivo às empresas para que elas possam retomar suas atividades e, ao mesmo tempo, resguardar a saúde de seus colaboradores. Além de ambientes corporativos, a solução pode ser implantada, também, em outros locais, públicos ou privados, de grande circulação de pessoas, como aeroportos, terminais rodoviários e shoppings centers, por exemplo.
Para tirar a ideia do papel, a startup contará com o apoio de pesquisadores do Lactec, de Curitiba e da Unidade Nordeste, em Salvador (BA), além do suporte de laboratórios de Eletrônica para o desenvolvimento, testes e calibrações do equipamento, e de Desenvolvimento de Softwares e Experiência do Usuário. O projeto já foi aprovado e terá aporte financeiro da Embrapii e do Sebrae, que mantêm, em parceria, um edital permanente de incentivo à inovação nas micro e pequenas empresas. Com a pandemia da Covid-19, as instituições têm priorizado projetos voltados à área da saúde. O prazo previsto para conclusão é de seis meses, mas a intenção é antecipar a entrega da solução.
Triagem e autoavaliação de risco
O equipamento de monitoramento coletivo de temperatura a ser desenvolvido no projeto será acoplado a um smartphone ou tablet e integrado a um aplicativo, permitindo a triagem da medição da temperatura corporal de forma automatizada, off-line e sem contato, a partir da aproximação da parte interna do punho da pessoa. O resultado é exibido no display do aparelho, com sinal verde indicando normalidade ou vermelho como alerta para alteração na temperatura (a literatura médica considera como febre temperatura acima de 37.8°C). Caso seja identificada qualquer variação de temperatura corporal, a pessoa pode ser encaminhada para um segundo diagnóstico ou fazer uma autoavaliação, preenchendo informações complementares sobre seu estado de saúde e dados pessoais, em um aplicativo de celular.
Nessa autoavaliação, a pessoa informará outros eventuais sintomas, como dor de garganta, tosse, coriza, ou, ainda, situações em que se expôs ao risco de contágio, como o contato com pessoas que tenham sido diagnosticadas com a covid-19. O cadastro dessas informações permite gerar um diagnóstico preliminar com o grau de risco de a pessoa estar com a doença, considerando parâmetros definidos por autoridades de saúde.
“O aplicativo vai gerar uma base de dados, que pode ser processada por inteligência artificial e fornecer outras informações importantes não só para tornar os ambientes de trabalho mais seguros, mas para a adoção de medidas sanitárias e de controle epidemiológico pelo poder público”, pontuou o coordenador do projeto pelo Lactec, Eduardo Guimarães, considerando a possiblidade de cruzamento com outros bancos de dados, como os de geolocalização, a partir de potenciais parcerias e cooperações.
A ideia é que o equipamento de monitoramento coletivo de temperatura possa ser instalado junto a controles de acesso de funcionários de empresas, como catracas, por exemplo, ou em totens desenhados especificamente para essa finalidade, de forma a tornar prático e funcional o processo de medição de temperatura e triagem.