Demanda crescente por produtos alinhados com os valores de consumo alternativo incentiva a inovação. Saúde, meio ambiente e bem-estar animal são as maiores exigências desses consumidores
O movimento crescente do mercado vegano deve ultrapassar US$ 34 bilhões até 2028, segundo o levantamento da consultoria SkyQuest, realizado nos Estados Unidos e Europa, em 2022. No Brasil, 59% dos consumidores já recorrem a alternativas vegetais aos produtos de origem animal, de acordo com o The Good Food Institute. De olho nesse segmento tão exigente, startups têm se dedicado ao desenvolvimento de novos produtos, com grande potencial de mercado. Um dos exemplos é o capuccino de origem vegetal desenvolvido pela Angí Chocolates, uma startup de Campo Grande (MS).
O produto é uma mistura instantânea a base de café e cacau com ingredientes de origem vegetal oriundos da biodiversidade dos biomas do Pantanal e do Cerrado e tem previsão para entrar no mercado em 2024, o capuccino vegano está em desenvolvimento em parceria com a Unidade Embrapii Agrotec, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). A Unidade atua na área de bioeconomia, desenvolvendo tecnologias aplicadas para alimentos, bioinsumos e sustentabilidade no agronegócio. De acordo com o diretor da Unidade Embrapii, Reinaldo Lucena, a demanda por um capuccino que não fosse de origem animal partiu da empresa. “Ela (a startup) nos procurou por conta dos inúmeros pedidos dos clientes pelo produto vegano. Então partimos para a pesquisa”, conta.
O estudo avalia os ingredientes do capuccino com base em produtos da biodiversidade vegetal, dos biomas em produtos da biodiversidade, além de empregar matérias-primas nativas na composição. O objetivo é substituir aditivos e avaliar as características físico-químicas, sensoriais e reológicas (ramo da ciência que estuda a deformação da matéria) do produto final, assim como sua estabilidade.
Beatriz Branco, CEO da empresa, ressalta que as opções estudadas pela Unidade Embrapii Agrotec/UFMS como substitutivo do leite animal são de altíssima qualidade nutritiva. “Entre os itens testados estão o leite de amêndoas, além das castanhas nativas do Pantanal e do Cerrado, como a de baru (foto) e o fruto do jatobá. Eles rendem uma polpa farinácea similar ao leite de coco em pó, que dá cremosidade”, explica.
A CEO relata que os clientes demandam por alimentos clean label – aqueles produzidos com poucos ingredientes e que não possuem aditivos químicos, como corantes, conservantes e estabilizantes. “O jatobá que está na fórmula do capuccino tem diversos benefícios para a saúde. Além de ser antioxidante, é um super alimento. Ele melhora a performance física, o que ajuda na prática de exercícios”, disse.
Já o cacau tem várias propriedades funcionais antioxidantes, anti-inflamatórias e diminuição do LDL (colesterol), o que contribui para atenuar a incidência de doenças cardiovasculares. “No mercado, de uma forma geral, alguns desses produtos têm alta concentração de aditivos e açúcares, o que diminui, significativamente, as propriedades funcionais do fruto (cacau)”, esclarece Beatriz.
Meio ambiente
O Mato Grosso do Sul apresenta uma grande diversidade de espécies nativas, sendo necessárias técnicas que auxiliem na valorização e preservação de seus biomas – e o mercado está de olho nisso.
A atuação da Unidade Embrapii Agrotec/UFMS desenvolve produtos advindos dessa biodiversidade, com características diferenciadas e valor agregado, que tem atraindo muitas startups. Esses novos produtos também auxiliam no desenvolvimento local, ao utilizar o extrativismo dos frutos pelas comunidades locais, promovendo uma encadeamento sustentável para inovação.
Acesse mais informações sobre a atuação da Unidade Embrapii Agrotec/UFMS: https://embrapii.org.br/unidades/unidade-embrapii-de-bioeconomia-no-agronegocio-agrotec-ufms/